Trata-se da residência para um jovem casal que decidiu morar no Vale dos Vinhedos, em Garibaldi/RS, na serra gaúcha. Implantada em terreno de 30 x 72m e 9m de desnível, a casa alude sutilmente à arquitetura dos primeiros colonizadores italianos na acidentada geografia da serra gaúcha, cujas casas e moinhos caracterizam-se pelo rigor geométrico e pela tripartição vertical — em base, corpo e coroamento —, na qual a base é feita de pedra, acomoda o volume à topografia e contém pequenas aberturas quadradas. O partido em C vence o desnível do terreno e resulta numa praça central plana, ao acomodar estacionamento e sala de estar no primeiro volume, mais próximo da rua, e estar íntimo e dormitórios no segundo volume, mas privativo, ambos unidos pela barra servente que unifica a forma. A sala de estar abriga espaço gourmet, parrilla em ilha, bar e lareira, todos axializados no sentido longitudinal e unificados pela grande abertura no teto, da qual provem a luz natural que inunda os ambientes. Em ambos os lados há varandas com brises móveis, tanto para a rua quanto para a praça interna. A sala íntima também contém lareira e inclui jardim de inverno em toda a face transversal, além da biblioteca em ilha e sala de estudos. Sobre estes espaços está a área mais privativa, onde se encontram as suítes trigêmeas e a suíte do casal, todas com varandas, cuja posição elevada faz delas mirantes para as colinas. As circulações horizontais e verticais estão inteiramente inscritas na barra servente, que completa o C característico do partido. A rigorosa modulação de 5m x 7,5m controla todos os espaços, provendo harmonia das formas e estandardização dos elementos no processo de execução da obra. O resultado é uma casa despojada, funcional e contemporânea, perfeitamente apropriada para o tempo e o lugar.